No jantar os professores dizem que assim que chegarmos ao restaurante, que ficava a uns 2km do hotel, iríamos pelas traseiras, levantaríamos uma persiana, dávamos um jeito à porta e entravamos. Não é uma coisa normal mas não estranhamos muito isto…mas acho que o devíamos ter feito…
Depois de uma volta pela cidade chegamos ao hotel. Alunos primeiro, mas em vez de irmos abrir a tal porta, ficamos à espera dos professores sentados na esplanada do hotel. Acho que chamar àquilo hotel é ser simpático demais, mas pelas mensagens deixadas por ex-hóspedes à entrada aquilo parecia um sitio sério e acolhedor.
Chegando os professores lá fomos para as traseiras. Aberta a persiana, faltava agora a porta…que não abria…
Não forçamos porque não queríamos estragar nada e fomos tocar à campainha da entrada principal. Ninguém respondia…éramos agora 20 pessoas ao relento em frente a um hotel numa pequena cidade belga. Achando estarmos a ser tramados (uma bela palavra esta), ficamos alguns nas traseiras e alguns na entrada principal a ver se saía alguém ou íamos alguma movimentação dentro da casa.
Um dos professores liga para a dona do hotel…telemóvel desligado. Liga para o taxista, que ela própria recomendou para que depois quem ficou no outro hotel fosse depois para lá levado, …também não deu nada…
As raparigas receavam do que se iria passar depois disto. Acho que todos receávamos mas eram elas que mostravam mais preocupação. Já víamos sombras e cortinas a mexer em todo o lado… Para ajudar à festa na porta de entrada reparámos num prémio do hotel…”mesa do terror” era o nome…vencedor do mesmo prémio há 3 anos consecutivos…escusado é dizer qual era o ambiente entre as pessoas que lá estavam e já havia várias teorias para o sucedido.
O tempo passava. O frio aumentava. E eu a pensar que só ia jantar e logo de seguida voltar para o hotel não levei casaco.
Solução…polícia.
Trinta minutos depois chega a polícia (ainda se queixam da nossa). Explicado o problema eles tentaram ligar à “gaja do hotel”. Nada. O taxista atende desta vez. Nunca ouviu falar nessa senhora, nem conhece o hotel…brilhante!
A policia resolve voltar à esquadra para procurar uma outra morada ou outro contacto da senhora em questão.
Enquanto isso acontece alguns de nós já fazíamos rodas entre nós para nos aquecermos e um dos professores dava umas aulas de dança.
Depois como se algo de estranho ainda faltasse acontecer, um autocarro e um carro resolvem parar mesmo em frente ao hotel. A rua tinha mais de 1km de comprimento mas eles decidiram parar exactamente ali. Quando saía das traseiras para ir ver o autocarro, que estava vazio, já estava a arrancar. Assim como o carro de onde saíram alguns homens e , segundo o que me disseram, olharam na direcção de quem estava na entrada principal (professores e alguns alunos), meteram-se novamente no carro e arrancaram juntamente com o autocarro.
A polícia volta. Novidades? “Não…não encontrámos nada sobre ela”…isto em francês.
Eram 4:30 da madrugada e uma solução tinha de ser encontrada. A polícia propôs levar na carrinha a professora e algumas raparigas para o hotel onde estavam os professores mas dissemos que ou íamos todos ou ficávamos todos.
E lá fomos. Cinco a cinco na carrinha da polícia, portanto o primeiro veículo em que o aniversariante andou na maioridade foi um carro da polícia, o que não deixa ser interessante, e em 4 viagens estávamos no outro hotel. A nossa sorte é que o outro hotel era um aparthotel o que fez com que as raparigas ficassem no quarto a dormir, os professores e o casal nos sofás e os rapazes espalhados pelo chão.
Para adormecer e descansar nada melhor quem um “Praça da Alegria” em Barcelos a passar na RTPi. Para acordar depois de uma noite, no mínimo, diferente e estranha nada melhor do que ficarmos a conhecer a Gripe A e um palhaço que atropelou e matou meia-dúzia de pessoas num desfile dos reis e príncipes do país ali ao lado.
Os professores conseguiram com que ali nos dessem algo pelo pequeno-almoço, interrompido pela chegada da “gaja do hotel” e do homem que já tínhamos visto no hotel na noite anterior, para nos levarem de volta. A cara da “gaja” fazia parecer que não se tinha passado nada e que não era nada com ela. Nem uma palavra no regresso ao hotel. Fizemos as malas e saímos antes que se lhe passasse pela cabeça pôr-nos a pagar aquela noite. Ficamos na esplanada porque o autocarro ia-nos encontrar lá para nos levar ao aeroporto. Mas só chegava – supostamente – às 14:00.
Como não havia confiança as raparigas foram almoçar primeiro enquanto quem ficava tomava conta das malas. Um professor disse para quem ficou a tomar conta das malas que fosse também almoçar que ele ficava por lá a “vigiar”. Todos voltamos e o professor conta-nos que a “gaja” foi-lhe pedir desculpa enquanto chorava e dizia que tinha havido um problema com a porta. Nós: “E acreditou nela??”…resposta pronta: “Claro que não”. Afinal de contas alguém que deixa um pastor belga dentro de um carro com o calor que estava é porque não deve andar muito bem…
14:15 e nada de autocarro…até que alguém se lembra de olhar para o outro lado da rua e resolve perguntar ao condutor do autocarro que lá estava desde as 13:00 se era ele que nos ia levar ao aeroporto…e era.
Lá fomos em direcção ao aeroporto, cantando as últimas canções em solo belga.
Foi giro.
FIM
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